União da diversidade marca abertura da FLIMT 2015

quarta-feira, 21 de outubro de 2015
Fonte: Dani Cunha - Assessoria FLIMT 2015
Fotos: Edson Rodrigues

A terceira edição da Feira do Livro Indígena de Mato Grosso foi marcada pela promoção da união da diversidade entre os povos e valorização do índio e do não índio, bem como a integração de ambas as culturas. Esse é um dos escopos da Feira, promover essa integração e respeito entre ambas as partes. A abertura ocorreu na manhã desta quarta-feira (21 de outubro), no Centro Cultural da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), na presença de autoridades indígenas e civis e também de diversos escritores da literatura indígena e não indígena, de renomes nacionais.

A solenidade de abertura começou com o hino nacional brasileiro, cantado na língua Ticuna pela indígena Djuena Tikuna, do Amazonas, um momento único e emocionante para os presentes. Em seguida, a presidente do Instituto Usina, Lucia Picanço, fez o seguinte questionamento: “quem é branco aqui? Quem é índio aqui? Vamos olhar para a nossa ancestralidade”, disse ao agradecer a cada instrutor indígena e não indígena que leva um pouco da sabedoria das matas para a criança e para cada um dos presentes. “Que a sabedoria dos pajés, anciões e das florestas estejam conosco”, acrescentou.

O secretário-adjunto de Cultura, Esporte e Turismo, Paulo Traven, que na oportunidade representou o secretário Alberto Machado, destacou que a Feira é contemporânea e tem tudo a ver com Mato Grosso, um estado com mais de 42 etnias, cuja capital, segundo ele, ainda é uma cidade tão distante das sabedorias das matas, da floresta. “Essa é uma oportunidade especial para Cuiabá, de estarmos todos juntos com este movimento. Esta é uma ação que agrega muito valor às iniciativas da Prefeitura”, disse.

Ely Macuxi, um dos escritores convidados para a FLIMT falou em nome de todos os indígenas presentes e manifestou sua alegria de estar ali. Ele, que é presidente do Instituto de Escritores e Artistas Indígenas Weá’á, disse que o que sempre buscam é o equilíbrio, a convivência. “Queremos ser uma alternativa para esse mundo, temos ricas experiências e viemos trazer a mensagem da coletividade, da vida e do respeito a todos e os povos indígenas têm muito a falar sobre isso”.

A coordenadora executiva da FLIMT, Vannessa Jacarandá, falou sobre a vitória da realização da Feira, que é única na América Latina, e de sua concretização enquanto realidade que busca fomentar a cultura indígena. Ela afirmou que a Feira é uma vitória de todos. “Jamais nada disso aconteceria se não tivéssemos o apoio do pró-reitor Fabrício Carvalho, da Secretaria de Cultura do Município e também do Instituto Usina”, pontuou.

Segundo o pró-reitor de Cultura, Extensão e Vivência da UFMT, Fabrício Carvalho, a FLIMT ser realizada na UFMT e integrar as comemorações dos 45 anos da instituição de ensino universitário é fundamental. A UFMT, de acordo com ele, tem uma ligação muito forte com as questões indígenas. “Estamos umbilicalmente ligados ao estudo antropológico das nações indígenas em Mato Grosso, nós temos programas especiais onde os indígenas têm acentos nas cadeiras de graduação e pós-graduação, temos especialistas que estudam matérias e assuntos, criando politicas públicas para os índios. A UFMT tem esse link muito forte com o tema. A FLIMT para a UFMT é muito natural, principalmente nesta condição de extensionista, dialogando, ajudando a construir políticas públicas que possam vir a contribuir para o desenvolvimento do Estado, tendo um olhar para o estudante da universidade. Isso faz parte da nossa concepção do acesso a informação”, ressaltou.

A curadora da Feira do Livro Indígena, Anna Claudia Ramos, falou da importância de cada vez mais entender que o Brasil é uma mistura de povos. Em sua visão, quando se entende que somos uma nação da diversidade, realmente estaremos vivendo os novos tempos. Ela salientou que a FLIMT deste ano traz uma diversidade, com representantes de alguns institutos, escritores de várias searas, indígenas e não indígenas. Porém, segundo Anna Claudia, o grande ganho da edição deste ano é um espaço para as crianças, especificamente. “Cada vez mais a gente não pode pensar uma feira fora de um trabalho com uma formação do leitor. O aluno da universidade daqui a alguns anos é o aluno que está hoje na escola. Se começarem, desde cedo a serem educados para esse olhar da diversidade e respeito, para essa sabedoria da cidade na floresta, viveremos num mundo mais humano e melhor”, enfatizou.

A curadora informou ainda que nesta edição da FLIMT conta a participação da Panda Books, uma editora que publica autores indígenas.

Para a diretora da Casa de Cultura, Larissa Freire, que gentilmente cedeu o espaço onde é realizada exposição do Setembro Freire, as missões entre ambos os eventos são comuns, assim como  a casa Silva Freire faz, voltado para as crianças e de literatura de vanguarda, voltada para o movimento de intensivismo. “Não haveria como não ceder espaço á FLIMT. Estamos muito felizes e se tem uma influencia da literatura, é a indígena”.

O contador de histórias, Renê Kithaulu (in memorian) foi homenageado pelo indígena José Angelo Nambiquara, que falou sobre a relevância dos índios traduzirem as informações originárias e naturais, trazendo essa informação através da própria leitura. Ele ressaltou a importância que teve Renê Kithaulu, uma liderança, um escritor na comunidade indígena, que ajudava na tradução das obras literárias.

Por fim, o pajé Marcio Bororo fez a abertura espiritual da FLIMT, com um canto milenar do povo bororo, dando boas vindas a todos. Ele aproveitou e destacou a interação entre os povos, que tem tudo a ver com o tema da Feira este ano. “Me sinto muito satisfeito de ver meus parentes participarem deste evento. Acredito que isso tem tudo a ver com a alcunha escritural sim. A universidade tem que formar técnicos mas tem sim que se preocupar com o ser humano, com a alma, com o espírito do indivíduo”.

A FLIMT ocorre no Centro Cultural da UFMT, nesta quinta e sexta-feira (22 e 23 de outubro), com uma riquíssima programação, durante todo o dia, a partir das 8h.

Confira mais fotos da abertura da FLIMT:














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